Artigos

08h00

Banalização justificada?

Hannah Arendt foi uma pensadora judia, de origem alemã, ainda que não criada sob os dogmas do judaísmo, que não aceitava ser chamada de filósofa, afirmando que os seus conceitos eram, em verdade, sobre teoria política. Ela aprofundou, como ninguém, o termo banalidade do mal, que na sua conceituação original até hoje é incompreendido e polêmico. Isso porque o conceito de “Banalidade do Mal”, estudado no seu livro “Eichmann em Jerusalém”, desatou entre os judeus grandes reações que estão aí até hoje. O livro-notícia mostra o julgamento em Jerusalém de Adolf Eichmann, raptado pelo serviço secreto israelense na Argentina em 1960, e que a estudiosa acompanhou para a revista “The New Yorker”. De logo, não poderemos lançar dúvida alguma sobre ela em questão envolvendo a barbárie do nazismo, visto que já em 1933, Arendt defendia a postura de que se deveria lutar ativamente contra o nacional-socialismo, que, diga-se, era uma posição, um contraponto muito grande, ao entendimento de muitos intelectuais alemães, inclusive alguns de origem judaica, que pretendiam se aproximar do nacional-socialismo, inclusive elogiando as novas diretrizes dos recém-chegados ao poder. Havia uma postura-conceito de adaptação ao novo, em espécie, como ela mesma chamava, de intelectuais, eruditos de manada (parece que por aqui ainda é possível se detectar tais senhores, permissa vênia). Poderemos, no entanto, fazer uma correlação entre este termo e a banalidade das questões brasileiras, como violência e corrupção, por exemplo, com base no discernimento de Arendt.

Na sua obra, a pensadora defende que a massificação da sociedade sobre um determinado tema e ou notícias contí- nuas de algo permanente, cria uma multidão incapaz de fazer julgamentos morais efetivos sobre o visto, como se houvesse um embotamento de valoração. Aí é que nasce a polêmica de Arendt, pois ela chegou a afirmar que muitos aceitam e cumprem ordem sem questionar, chegando mesmo a dizer que Eichmann era um funcionário zeloso que foi incapaz de resistir às ordens que recebeu. Verifico um paralelo com a nossa história de suborno e corrupção, onde, em geral, o povo brasileiro forma um efeito manada em escala de valores, uma espécie de roubar pouco é diferente de muito, mal comparando, que não há problema em levar uma caneta do escritório, por seu valor, já que se roubam milhões do povo. Surge, acredito, uma malsã adaptação a práticas reinantes em nossa sociedade, onde prevalece, muitas vezes, o “se eu não fizer outro vem e faz”, pois sou “levado” pela sociedade que me “impõe” tal comportamento. Naturalmente que as questões se assemelham, não em danos, mas em comportamento objetivo de repetição, banalização do criminoso.

Rua Barreto Pedroso, 295 • Pituaçu • Salvador • BA • CEP: 41.741-030 • Brasil
Telefone: +55 71 3363.5538
E-mail: cidadedaluz@cidadedaluz.com.br
2016 - 2024. Cidade da Luz. Todos os direitos reservados.
Produzido por: Click Interativo - Agência Digital

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o nosso site e as páginas que visita. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Para obter mais informações, consulte o nosso política de privacidade e nossa política de cookies. E para entender os tipos de cookies que utilizamos, clique em Opções. Ao clicar em Aceito, você consente com a utilização de cookies.

Aceito Opções

Definições

Queremos ser transparentes sobre os dados que nós e os nossos parceiros coletamos e como os utilizamos, para que você possa controlar melhor os seus dados pessoais. Para obter mais informações, consulte a nossa política de privacidade e nossa politíca de cookies.

O que são cookies?

Cookies são arquivos salvos em seu computador, tablet ou telefone quando você visita um site.

Usamos os cookies necessários para fazer o site funcionar da melhor forma possível e sempre aprimorar os nossos serviços.

Alguns cookies são classificados como necessários e permitem a funcionalidade central, como segurança, gerenciamento de rede e acessibilidade. Estes cookies podem ser coletados e armazenados assim que você inicia sua navegação ou quando usa algum recurso que os requer.

Gerenciar preferências de consentimento

Utilizamos softwares analíticos de terceiros para coletar informações estatísticas sobre os visitantes do nosso site. Esses plugins podem compartilhar o conteúdo que você fornece para terceiros. Recomendamos que você leia as políticas de privacidade deles.

Bloquear / Ativar
Google Analytics
Necessário

São aqueles que permitem a você navegar pelo site e usar recursos essenciais, como áreas seguras, por exemplo. Esses cookies não guardam quaisquer informações sobre você que possam ser usadas em ações de comunicação de produto ou serviço ou para lembrar as páginas navegadas no site.

Bloquear / Ativar
Site
Necessário