Analistas do mundo inteiro têm ficado perplexos com as investidas do presidente norte-americano ao Brasil. Muitos dúvidas que se trata apenas de amizade pessoal com um ex-presidente que está enfrentando um processo judicial por tentativa de golpe. Nesse sentido, os analistas afirmam que são muitas as variantes no processo, porque ele (Trump) não se direciona apenas por um foco. A verdade, é que nos bastidores das grandes movimentações políticas e diplomáticas, há sempre interesses que vão além das manchetes e dos discursos inflamados. Todo esse misancene dos Estados Unidos, com seu discurso de proteção à democracia e combate a regimes “hostis”, muitas vezes esconde algo bem mais tangível: recursos estratégicos. E entre esses, um se destaca pelo seu valor silencioso, mas decisivo — as chamadas terras raras. Terras raras são um grupo de 17 elementos químicos da tabela periódica, que são essenciais na fabricação de smartphones, carros elétricos, turbinas eólicas, painéis solares, mísseis guiados, satélites e equipamentos de comunicação. Em resumo, não há tecnologia avançada, nem transição energética, sem terras raras. Pouca gente sabe, no entanto, que o Brasil é o segundo país do mundo com a maior quantidade de reservas naturais de terras raras, perdendo apenas para a China, que hoje domina mais de 70% da produção e refino mundial desses elementos. Áreas como a Amazônia, o Tocantins e o sul da Bahia abrigam depósitos vastos e ainda pouco explorados. Isso nos coloca no centro de uma disputa estratégica global, embora nem sempre percebemos.
Se no século XIX a corrida era pelo ouro e, no século XX, pelo petróleo, o século XXI é das terras raras. Elas são os blocos fundamentais da chamada quarta revolução industrial. Um único carro elétrico pode precisar de cerca de 1 kg de neodímio — uma das terras raras — para funcionar. Uma turbina eólica moderna pode exigir centenas de quilos desses elementos para gerar energia com eficiência. Não é exagero afirmar que quem controla as terras raras controla os rumos do desenvolvimento global. Entenderam o incômodo do presidente norte-americano?
A China já demonstrou o peso desse domínio ao ameaçar restringir as exportações de terras raras para os Estados Unidos em meio à guerra comercial. Esse tipo de poder geoeconômico se torna arma de negociação e de influência. O Brasil, com sua vasta reserva, pode se tornar peça-chave nesse tabuleiro, mas ainda falta visão estratégica. Sem uma política clara de proteção, investimento e desenvolvimento tecnológico, corremos o risco de permanecermos apenas como um grande fornecedor de matéria-prima, deixando os lucros e o protagonismo nas mãos de outros países.
O Brasil precisa acordar para o seu potencial. Os movimentos que hoje parecem apenas gestos diplomáticos, interferências ou acordos “ambientais”, muitas vezes escondem o real interesse: nossos minérios estratégicos. É preciso soberania sobre o subsolo nacional, resistência a interesses disfarçados e um plano robusto para transformar nossa riqueza em desenvolvimento sustentável e tecnológico. A disputa pelas terras raras já começou. E o Brasil, queira ou não, já está no centro desse jogo.
José Medrado possui múltiplas faculdades mediúnicas, é conferencista espírita, tendo visitado diversos países da Europa e das Américas, cumprindo agenda periódica para divulgação da Doutrina, trabalhos de pintura mediúnica e workshops, escreve para o BNEWS e o jornal atarde.