O policial militar Douglas Vieira, de 28 anos, transmitiu a própria morte na noite do último sábado pelo Facebook. Evidenciou o desespero pelas dificuldades financeiras que vem passando, inclusive com atrasos de salários no Rio de Janeiro, fruto, também, do assalto que políticos e empresários realizaram aos cofres públicos cariocas. As redes sociais têm sido palco de mentiras e dissimulações de felicidade, mas agora com esta tragédia suscitam uma infeliz visão da dor, gerando um macabro interesse social.
É certo, no entanto, que a situação social do policial foi um start para o aprofundamento de um processo de depressão pelo qual ele estava passando, mas não, efetivamente, a causa. Estudiosos do comportamento humano afirmam que, diferentemente do que se pensa, os fatores psicológicos e sociais são consequências e não causas da depressão. Vale ressaltar que neste mundo louco em que vivemos o estresse pode ser fator desencadeante da depressão, mas em pessoas com predisposição genética. Há estudos que afirmam que a depressão ocorre em 19% da população, o que significa que aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo apresenta a doença em algum momento da vida.
Não confundi, no entanto, com tristeza, pois, ocasionalmente, podemos ficar tristes e angustiados, o que pode passar rapidamente. O sofrimento que a depressão causa não se mede, pois cada um é que sabe, sente a sua extensão. A relutância, porém, em se ver depressivo é uma das causas que acaba retardando o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento. Aí surge um grande problema nesse tratamento, pois as religiões, inclusive a minha, vêm quase sempre como causa espiritual, entrando o doente na ilusão de que se curará apenas com esta terapêutica. O apoio espiritual, de qualquer natureza, deve ser coadjuvante, nunca protagonista. O importante é saber que existe tratamento e não há necessidade das pessoas ficarem tolerando tanto sofrimento.
O tratamento mais indicado atualmente para a depressão é uma combinação de medicamentos antidepressivos e psicoterapia, realizado por psicólogos e psiquiatras. Muitas pessoas, entretanto, pensam estar ajudando um amigo deprimido ao incentivarem ou mesmo cobrarem tentativas de reagir, distrair-se, de se divertir para superar os sentimentos negativos. Os amigos que agem dessa forma fazem mais mal do que bem, pois a questão não é de fraqueza ou força de vontade, mas de tratamento. Assim, não se envergonhe, caso esteja em tristeza profunda por mais de três semanas, busque imediatamente ajuda. Você está doente. E nunca esqueça: a sua doença tem controle e remissão de sintomas, e aí você retornará a suas atividades, gerando novas perspectivas de bem-estar e paz.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSal
Fundador e Presidente da Cidade da Luz