É sabido e comentado por todos que o Brasil sofre um grande processo de polarização política. O povo se manifesta contra e a favor deste e ou daquele político. Um fenômeno mundial, é fato, mas nestas nossas terras tem se configurado um contorno perigoso, gerador de violência de grande monta. Foi assim que um ataque a tiros contra o acampamento Marisa Letícia, pró-Lula, no bairro Santa Cândida, em Curitiba, deixou dois feridos na madrugada do último sábado, 28. Um vídeo mostra um homem disparando dois tiros, um deles atingiu o pescoço de um homem, que ainda se encontra internado e uma senhora foi atingida por estilhaços. Grave, muito grave. O episódio a mim parece tão absurdo e surreal, que até imagino que possa ter sido uma desavença pessoal, que já seria um absurdo, imagino, no entanto, se for por questões partidárias, é o completo esvaziar de palavras para reproduzir indignação contra o que não aceita, partindo para o ataque homicida. É o enlouquecer da discórdia.
Estarrecedor, por outro lado, que não vi censuras veementes pelas redes sociais a esta barbárie. A bem da verdade, só aqui e ali...o que achei de grande preocupação, visto que os anti-Lula, ao que parece, viram como natural, como se fosse uma ação que reforçasse a posição dos contras.
De forma lamentável, ainda, vi, de grande infelicidade, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman, sair por suas redes sociais culpando a Lava Jato, o juiz Sérgio Moro, a Globo pelo atentado. Ora, que registre a sua indignação, cobre investigação, mas fomentar mais ainda esse clima de beligerância não é bom para ninguém. E sem demagogia, ambos os lados – pró e anti-PT - estão acirrando a discussão.
Imagino como serão as eleições de outubro, caso um candidato ganhe, desagradando os seguidores do outro: será uma guerra campal, alimentada pela intolerância, o discurso de golpe, de farsa, de fraude? Essas lideranças não podem ficar jogando para a plateia de forma inconsequente, a fim de que não faça esta massa de intolerância crescer a ponto de não ser contida. Nada começa grande, tudo é processo de saturação, de crescimento do pequeno, do aparentemente sem consequência. É preciso mais responsabilidade e bom-senso por parte de todos e mais respostas contra esses atentados por parte da polícia.
* José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal.