E fetivamente, a forma com que a grande massa dos eleitores vota no Brasil é geralmente imprevisível. Entender que um discurso em cima de chavões e não de propostas reais pode iludir pessoas, é um fato. Muitos guardam no populismo algum tipo de esperança, em função de seus critérios e valores restritos à sua própria situação, outro fato. Não se pensa em ter valores de coletivo, do geral. Isso, então, pode justificar porque o perfil dos deputados e senadores eleitos em 2014 já surpreendeu por ter sido o mais conservador desde o golpe de 1964, exatamente na contramão do que se viu nas manifestações ocorridas em 2013. Os pesquisadores, quase todos, se equivocaram em seus diagnósticos de mudança, renovação dos parlamentares. E para surpresa de todos, mesmo diante de tantos políticos presos, de quase a totalidade dos partidos, o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) arrisca um prognóstico ainda mais conservador, com aumento das bancadas ruralista, religiosa, empresarial e da bala, ou seja, não haverá renovação, pelo contrário, as trocas serão mínimas que as da última legislatura.
Não poderia, no entanto, ser diferente, já que os cinco partidos que mais receberão recursos do famigerado fundo eleitoral neste ano informam que pretendem, no partir e repartir o dinheiro, priorizar os candidatos que estarão tentando reeleição. Em verdade, os partidos sempre priorizaram os seus partidários em exercício do mandato, só não faziam divulgação disto. A renovação sempre foi falsa, pois o deputado estadual busca ser federal, o federal quer o Senado ou o Executivo, sempre é apenas uma dança de cadeiras, alguém já disse. Agora, além de tudo, com a necessidade da manutenção do foro privilegiado, por força do grande número de investigados no Congresso, a maioria quer ficar, haja vista que as superficiais mudanças no uso de tal expediente ainda o deixa como uma ferramenta que frontalmente viola o princípio constitucional de que todos somos iguais perante a lei. Essa assertiva chega a ser um deboche frente ao processo criminal que alcança a todos nós, povo em geral, inclusive, diante, infelizmente, de um Supremo Tribunal Federal que está dando evidências públicas de ser partidarizado.
Lamentável que, também em outra vertente, há um equívoco crescente da população de que a eleição pode ser anulada caso os votos brancos e nulos atinjam determinada porcentagem no resultado final. Eles não servem para nada, só é um ato de aceitação, de conformismo onde o eleitor diz um tudo bem para quem vencer.
Precisamos desenvolver um eficaz processo de fiscalização aos que conferimos ou mantemos nos empregos de “nos representar”, cobrando e divulgando os compromissos não cumpridos.
José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da
Cidade da Luz