Há um entendimento de há muito equivocado dos inquilinos do Palácio da Alvorada de que se há problemas, desvios em ações sociais, corta-as, diminue-as no lugar de promover uma devassa e punir os larápios. Lembro-me bem, por exemplo, das contribuições que as pessoas faziam às instituições sociais e religiosas de sua preferência e tinham abatimentos no imposto de renda. Infelizmente, era verdade, muitos faziam uma doação X e a tinha aumentada, no recibo, para X mais Y. Fraude. O que foi feito? Extingue-se o benefício às diversas instituições e faz uma espécie de conta única de doação, a um fundo municipal que a critério dos seus gestores, será dirigido para esta ou aquela instituição que se “habilita” a recebê-lo. De há muito já sugerir a diversos parlamentares que criem, por exemplo, uma espécie de Nota Fiscal de contribuição à semelhança que o comércio tem, aí não teria como sonegar, aumentar... ninguém deu importância. Lamentável, pois tentas instituições passando perrengues sem qualquer atenção dos poderes públicos.
O pior: corre que os principais programas sociais dos governos que auxiliam famílias que vivem na pobreza ou na extrema pobreza correm o risco de encolher ainda mais em 2020. Fala-se em reduções significativas no orçamento federal, em especial o Bolsa Família e o “Minha casa, minha vida”. É certo que há muito desvio nesses programas, sem dúvida alguma, faz pouco a Controladoria Geral da União identificou filhos e companheiros de sargentos da PM, aposentados e até famílias com três carros na garagem e piscina como beneficiários do Bolsa Família, no município de Novo Gama, a 38 quilômetros de Brasília, informa Mateus Coutinho na Crusoé. Os casos foram descobertos em um pente-fino do órgão, em uma amostragem de 52 famílias do município, que tem 4,8 mil famílias cadastradas no programa. Brasileiro algum é inocente a imaginar que um programa de tal abrangência não conta em suas colunas com marginais fraudadores, que só pensam em roubar o Estado brasileiro. Mas a esses a força da ação policial, da justiça, mas jamais fazer desses argumentos para esvaziar programas tão necessários aos pobres, sem renda do nosso País.
O fato é que a parcela da população com renda de até 145 reais mensais vem crescendo nos últimos anos e já supera o número total de habitantes de países como Bolívia e Portugal, segundo levantamento do IBGE. Os números da pesquisa divulgada no mês passado indicam que os pobres ficaram mais pobres, e os ricos, mais ricos. Os 30% mais pobres do país, cerca de 60 milhões, tiveram seu rendimento médio mensal reduzido, mas o fundo partidário quase que dobrou...e pouco ou nada se viu de revolta nas redes sociais.
* José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.