O ser humano é, sem dúvida alguma, um repetidor de costumes que muitas vezes nem imagina de onde vêm. Esses costumes nascem da família, das vivências sociais de um tempo, e, principalmente, de ritos religiosos. Assim, a chegada de um ciclo novo faz parte convergente de todas esses costumes da cultura humana. É certo, todavia, que não se trata de algo novo, mas remonta há mais de quatro mil anos esses festejos, mesmo que não fossem por uma passagem de tempo, de ano, porém de estações climáticas. Como vemos nos tempo atuais, o termo Réveillon surgiu no século XVII, na França, que representava uma festa da nobreza, tendo o seu significado em vigília, ou seja, era preciso estar acordado para por ele passar. Marie Hennecke, socióloga da Universidade de Zurique, na Suíça, é coautora, com o médico americano Benjamin Converse, da pesquisa “Next week, next month, next year” (“Próxima semana, próximo mês, próximo ano”), que analisa como marcos temporais alteram expectativas, gerando uma necessidade interior de dar uma espécie de basta ao que passou, a fim de chegar o novo. Guardamos uma expectativa de que uma mudança do calendário, uma realidade exterior gerará efetiva mudança em nossas vidas, esquecemo-nos, assim, que são as nossas decisões e ações que marcam, ou podem marcar o fim e o início de um novo ciclo. Não tendo, por conseguinte, nada a ver com festejos externos à nossa vontade. Gustave Jung já afirmara que: “A vida tem de ser conquistada sempre e de novo”, agrego como instrumento de revisão e reposições de metas, de conquistas. Infelizmente, no entanto, a passagem de um ano para o outro tem efeito diverso, a depender, naturalmente, das pessoas, pois muitos realizaram suas metas de conquistas, outros nem tanto, e mais podem ter perdido sonhos, vivenciado fracassos ou imensuráveis perdas, a estes o desejo de que tudo logo acabe, em reforço de transferência externa dos reverses da vida e àqueles o entusiasmo, desafios para novas buscas, conquistas. Assim, seguimos com esta humana necessidade emocional de fechar ciclos, como se fosse um processo fisiológico de mudança, valendo, então, para isto tudo ou quase tudo, desde vestir amarelo, vermelho, branco, pular sete ondinhas, comer lentilhas... são tantos os tais recursos, mas muitos se esquecem de que para a mudança efetiva e verdadeira acontecer não é só querer mudar, mas se abrir à mudança, criar ambiência de ação mental necessária ao que se quer mudar. Nem sempre, infelizmente, querer é poder, necessita querer, construir estratégias e ir em busca através de ações disciplinadas. Aí, sim, a pessoa se prepara para um Ano Novo. De toda sorte, no entanto, que se faça o que se crer, como impulso ao que se vai fazer. Feliz Ano Novo. (R)
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz