Estava lendo um material biográfico sobre a chanceler alemã, Angela Merkel, 51 anos, doutora em química quântica, formada em física, cresceu sob o regime comunista da Alemanha Oriental, e se tornou a primeira mulher chanceler de seu país. Agora se despede depois de quatro mandatos consecutivos. À medida que lia sobre esta estadista me foi dando um constrangimento, uma vergonha alheia, pois o ser humano é das comparações, e assim eu fui fazendo, em cada ponto lido, desde a sua forma de se vestir, até o arrumar a própria casa...tudo tão longe do que vemos em nossos “representantes”, em nossas “autoridades”.
Recentemente, em conversa com uma amiga que, entusiasmada, falava das características dessa líder alemã, eu a esfriava, dizendo que não esperasse este jeito de ser dela em políticos por aqui nos próximos cem a duzentos anos, infelizmente. Temos visto que o povo brasileiro não guarda em suas escolhas políticas, quem possua princípios de ação do Estado, em frente a interesses coletivos, ou mesmo de classe, mas de forma abrangente. No máximo temos as bancadas dos que representam segmentos fortes da sociedade. O que vemos, então, são formações de antagonismo a grupos, sem a observância de propostas para gerir o Estado. Ao que parece é o poder, pelo poder...e se algo fizer será para garantir o poder, quase nunca para gerar ganhos para o povo, em sua maioria.
Nessa política do contra, e não a favor da nação em si, vimos o surgimento e o crescimento do antipetismo, agora da mesma forma o do antibolsonarismo. O antidilmismo foi pelos mesmos processos, mas de forma menos apaixonante. Em verdade, esses políticos – sempre no geral – sabem e dominam a arte do agrado aos que os seguem e fazem discursos, proposições anticorrupção, enxugamento do Estado...todos falam sempre as mesmas coisas., porque querem agradar. São eleitos e tudo veremos que se evidencia não passou de retórica. Collor o caçador de marajás. Lembram? Pois é. Assumem e quando são eleitos mascaram ali um pouco essas ações e depois tudo é colocado no já foi...Infelizmente, ainda votamos em pessoas que falam o que queremos ouvir, e prosseguimos com os mesmos critérios.
É impressionante como, outrossim, o povo brasileiro assume a pessoa do presidente como ídolo, não importando mais as suas propostas, plano de governo antes das eleições. Viram ídolos, talvez isso tenha começado com Getúlio Vargas, o pai dos pobres, e aqui não tiro dele as leis criadas em proteção ao trabalhador. São ídolos de pés de barro, pois, segundo se conta Nabucodonosor sonhou com uma imagem cuja cabeça era de ouro, o peito e os braços eram de prata. O ventre e os quadris de bronze e as pernas e os pés de ferro e barro. Uma pedra não lavrada pôs as mãos, tocou nos pés dessa estátua e ela toda virou pó. Eles são assim...nas expressões de caráter para o públicos feitos de ricos valores, mas na sustentação do que são de fato, apenas pés de barro. Carregam desejo pelo poder, não por ideais.
Curiosamente, até os defensores ferrenhos são iguais a cada novo ídolo de pés de barro. Esses defensores brigam, xingam-se...eram assim, apenas para citar os mais recentes, com Lula, em especial, mais do que com Dilma e agora com Bolsonaro. É tão impressionante que se recuarmos no tempo e substituirmos os nomes dos presidentes de plantão um pelo outro, o conteúdo dos seguidores, seus comentários serão sempre de mesma lavra. Fixamo-nos em pessoas, defendemos pessoas e não princípios de Estado, de interesse coletivo. Parece que, em verdade, protegemos a nós mesmos, das nossas angústias pelas escolhas que vamos fazendo. E assim será, enquanto ficarmos sem associar a pessoa ao seu histórico, às suas propostas. E o povo briga por seus ídolos e eles caminharão sempre juntos, quando tiverem interesse. É assim por aqui...Brasil.
José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.