A determinação da antecipação do toque de recolher por parte do governador do Estado gerou, naturalmente, defesas e ataques pelas redes sociais. Procurei verificar as manifestações em diversas plataformas de notícias, chamando-me à atenção que o maior número dos que se puseram contra não foi em defesa de questões econômicas, mas lembrando que na época das eleições, essa e outras autoridades ficaram silentes, como se o próprio processo pandêmico já tivesse passado. Colocações absolutamente pertinentes e verdadeiras. Contudo, essas lembranças, mesmo que verdadeiras, repito, se tratam de uma forma desviante dos fatos, poisquando se tenta apontar o erro de alguém como se isso fosse capaz de diminuir ou justificar o próprio erro,em se tomar a medida que se faz necessária. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O erro de quem quer que seja não diminui em absolutamente nada a responsabilidade de quem comete um novo. Por outro lado, não se pode mesmo ignorar que para nós que estamos na bolha da classe média é mais fácil, salvo os que vivem de seus negócios abertos e lá estão. Fazermos a nossa restrição social, mas e aqueles que entram nos seus transportes públicos lotados? Não se trata de demagogia, inclusive porque não sou político, mas são constatações que nos chocam. Entendo que pelo menos se tente diminuir por algum lado, mas...é sempre assim.
O brasileiro, é fato, que não se pode contestar, ainda vive, de uma forma geral, em um processo de “aristocracia decadente e falida” que não consegue ver o funcionário como uma pessoas que o ajuda em seu crescimento empresaria, vendo-o como um serviçal, cujo interesse é apenas em produzir a sua riqueza, pouco ou quase nada se importando com as suas condições de vida, de suas necessidades...em uma espécie de “é assim e pronto, se não quiser vá embora, porque há muitos querendo o seu lugar”...revoltante.
Todo ano são centenas de trabalhadores que são resgatados de trabalho em situação análoga à escravidão. Infelizmente, inclusive, o governo Federal tem diminuído o orçamento para ações nesse sentido, em 2019 foi de R$ 39 milhões e em 2020, o total caiu para R$ 24.6. Essas pessoas não podem ser esquecidas, não podem ser invisíveis em um país que se diz civilizado. Precisamos todos agir além da nossa bolha, dentro do tacanho entendimento do tal “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
O nosso parlamento, na sua maioria, só se mobiliza para os grandes interesses de seus patrocinadores, onde vemos a cada dia mais e mais as tais bancadas específicas...sem que exista a bancada do povo, quem só trabalhe para essas maioria, haja vista que quando algo é pensando para ele (o povo), em verdade é para si, no vislumbre de possíveis votos, não por ideal de cuidar por cuidar, de servirem para o que foram empregados. Um dia muda.
* José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.