A Time, revista norte-americana, instituialista Time100 Next, que nomeia cem lideranças em ascensão pelo mundo. O Brasil aparece com as escolhidas Erika Hilton, Duda Salabert, além da líder indígena, acadêmica, Txai Suruí. As duas primeiras parlamentares mulheres trans. Segundo a revista, o motivo da escolha se deveu aos seus valores em causas de vida, sendo que as trans inspiram o mundo com suas lutas políticas e aponta a violência que ambas têm sofrido nessa trajetória. Por incrível que pareça, apesar de a transfobia ser crime no Brasil desde 2019, o país é ainda o que mais mata pessoas trans e travestis em todo o mundo pelo 13° ano consecutivo. O Brasil mata a cada 34 horas uma pessoa trans. O estudo LGBTIfobia no Brasil evidencia barreiras para o reconhecimento institucional da criminalização, publicado em 2021, pesquisa organizada pela All Out e coordenada pelo Instituto Matizes, aponta que, passados dois anos da decisão do STF – Supremo Tribunal Federal, a criminalização da LGBTIfobia ainda não é uma realidade no país. Os pesquisadores do tema afirmam que há dificuldades de serem efetivas as denúncias, em razão de resistência dos próprios sistemas governamentais de segurança pública, bem como do judicial em reconhecer e aplicar a decisão do STF. O pior, ainda por cima, é que a transfobia vem sendo legitimada pelo discurso fundamentalista religioso, pela maioria das religiões brasileiras.
Vemos, dessa forma, que ações discriminatórias, em nome, em especial no Brasil, de Cristo são consideradas parte de uma liberdade religiosa, mesmo quando elas passam a serem configuradas como discurso de ódio, absurdamente, repito, em nome de Cristo. Por outro lado, ressalte-se, alguns estudiosos de formação cristã estão indo além da apologética e afirmam a dignidade LGBTQIA+ por meio de princípios éticos de respeito à dignidade humana, pelo fato simples de que a pessoa alguma cabe definir o outro com os seus valores de qualquer natureza. O mais paradoxal, ao meu sentir, é que algumas denominações ditas cristãs distorcem e ajustam aos seus interesses, conjuntos de concepções religiosas que dão substância ao preconceito, discriminação e intolerância a pessoas que não se adequam aos seus interesses catequéticos, gerando, desta forma, uma espécie de sinal verde à perseguição por uma “causa santa”. Fomentam a ilegalidade sobre pessoas que só querem viver a legitimidade e licitude do seu status quo de cidadão(ã), em um País democrático. O fundamentalismo religioso avança no Brasil, e muitos não se dão conta que o crime de intolerância se assanha e não fica restrito apenas a um patamar, ele toma fôlego e parte para outras frentes e assim busca imporàsociedade os seus conceitos.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz medrado@cidadadaluz.com.br