Dignidade humana não é piada. É lei.
A dignidade da pessoa humana é um dos pilares da nossa Constituição. E não, ela não é um detalhe ou um enfeite jurídico. É o fundamento que garante respeito, proteção e a plena realização dos direitos de cada indivíduo.
Esse princípio está expresso logo no início da nossa Carta Magna. E é ele que dá base para leis como a Lei nº 7.716/1989, que pune quem pratica discriminação por raça, cor, etnia, religião ou origem. A pena inicial é de 1 a 3 anos de reclusão, com aumento se o crime for cometido em contextos de diversão ou lazer. Isso mesmo: quando alguém usa o “humor” para ofender, a lei é ainda mais dura.
Portanto, os que tentam defender o comediante Leo Lins, dizendo que era “só piada”, “só brincadeira”... deveriam, ao menos, ter lido a lei. Eu li.
É um avanço institucional quando uma juíza tem coragem de aplicar a lei. Chega de viver no país das “leis que pegam ou não pegam”. Dura lex, sed lex, e que efetivamente sejamos todos iguais perante a lei. Sei que soa retórica e pode até ser, sob certo ponto, mas se não trabalharmos por um ideal o esperar do provir?
Muita gente reclama: “hoje em dia não se pode mais brincar com nada!”. Pois é. Não pode mesmo. Não se pode brincar com o que fere, humilha, rebaixa. Todo ser humano tem valor e merece respeito — sem exceção. Eu mesmo já fiz piadas com loiras, mesmo tendo uma mãe e duas sobrinhas loiras. Um dia, caiu a ficha: eu estava atentando contra a dignidade delas. E parei. A gente pode mudar. Aliás, deve. Isso se chama ressignificar atitudes, até mesmo conceitos.
Não podemos regredir. Não podemos aceitar o velho disfarçado de “humor inocente”. Comparar com os costumes do passado não justifica nada. Aquilo era tradição? Talvez. Mas hoje sabemos o que aquilo realmente representava: falta de empatia e manutenção de desigualdades.
Crime é crime. Mesmo contado em tom de piada, mesmo em privado. Não é a forma, é o conteúdo. E sinceramente? Para mim, já bastaria o que Leo Lins sugeriu sobre pedofilia. Não vou repetir aqui. Mas se quiser entender o nível de desumanidade, pesquise. Prepare-se.
Respeito não é censura: é base de uma sociedade civilizada.
José Medrado possui múltiplas faculdades mediúnicas, é conferencista espírita, tendo visitado diversos países da Europa e das Américas, cumprindo agenda periódica para divulgação da Doutrina, trabalhos de pintura mediúnica e workshops, escreve para o BNEWS e o jornal atarde.