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08h33

Quanto custa?

Quando um senador da República se lança candidato à Presidência, o gesto deveria simbolizar um compromisso com o País. No entanto, quando o próprio protagonista admite que sua candidatura é “negociável” — rifada não por dinheiro, mas por interesses familiares ou pessoais — o que se expõe não é apenas uma estratégia política: é a normalização daquilo que antes se escondia nas sombras.

O filósofo Immanuel Kant já advertia que a moralidade exige tratar o outro como fim, nunca como meio. O que vemos agora é justamente o oposto: a representação popular reduzida a moeda de troca. Uma candidatura presidencial — que deveria expressar projeto, visão e responsabilidade histórica — passa a ser um ativo a ser barganhado em nome de conveniências privadas. O público se transforma em detalhe; o interesse coletivo, em figura de retórica. Mais grave ainda é a indiferença popular crescente diante desse tipo de confissão política. Parte da sociedade reage com naturalidade, quase com indolência, como se a política fosse, por essência, um balcão de negócios pessoais. Ao que parece é. A aceitação resignada dessa lógica revela o que o sociólogo Max Weber chamava de “desencantamento”: a perda de sentido ético e vocacional no exercício da vida pública.

O problema não é apenas moral, é estrutural. Quando uma candidatura tem “preço fixado”, quando seu valor é medido pela capacidade de gerar benefícios particulares, instala-se, às escâncaras, a falência do princípio republicano. A democracia representativa entra em decadência porque o representante já não se vê como depositário da vontade popular, mas como operador de acordos privados, e interesses sedimentados. Esse episódio é apenas mais um sintoma, mas um sintoma ruidoso, de que normalizamos a degradação. E, ao normalizá-la, reforçamos o ciclo vicioso que transforma a política em negócio de família, de grupos, de clãs — nunca de cidadãos.

A ética não desaparece de uma vez, ela é corroída aos poucos. E cada vez que aceitamos, sem espanto, candidaturas rifadas, negociadas ou condicionadas, contribuímos para que a erosão avance. A democracia não falha apenas quando há golpes, falha também quando deixamos de exigir integridade daqueles que falam em nosso nome.


José Medrado possui múltiplas faculdades mediúnicas, é conferencista espírita, tendo visitado diversos países da Europa e das Américas, cumprindo agenda periódica para divulgação da Doutrina, trabalhos de pintura mediúnica e workshops, escreve para o BNEWS, Farol da Bahia e o jornal A tarde.

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