Num mundo cada vez mais interconectado, veloz e exposto, uma das maiores contradições que se impõem é o aprofundamento das desigualdades sociais, especialmente nos países em desenvolvimento como o Brasil. Ainda que recentemente o nosso País saiu do mapa da fome, da ONU, vemos em pleno século XXI, o crescimento da concentração de renda. O desafio central não está apenas em reconhecer essas disparidades – algo já bastante evidente nos grandes centros urbanos e também nas regiões esquecidas do interior –, mas sim em enfrentá-las cada vez mais, e sim, com políticas públicas efetivas, continuadas e protegidas de oscilações ideológicas.
O Brasil, por sua própria formação histórica, carrega uma herança de desigualdade estrutural. No entanto, o que mais preocupa hoje é a presença de movimentos políticos e econômicos que, em vez de reduzir essa distância social, a reforçam ou naturalizam, com narrativas de meritocracia descontextualizada e deslegitimação de políticas compensatórias. A desigualdade extrema compromete não apenas a dignidade de milhões de brasileiros, mas também a própria democracia. Como construir uma nação justa se apenas uma pequena parcela da população tem acesso a bens simbólicos e materiais que garantem voz, presença e influência?
Nesse cenário, dois importantes sociólogos contemporâneos ajudam a iluminar caminhos possíveis. O britânico Anthony Giddens defende que, em sociedades complexas e globalizadas, o Estado tem um papel central no redesenho das políticas sociais. Para Giddens, não se trata de um retorno ao Estado assistencialista do passado, mas de uma nova configuração que promova oportunidades reais, equidade de acesso e mobilidade social, reforçando a coesão democrática. Ele argumenta que países emergentes só consolidarão suas democracias se forem capazes de reduzir drasticamente suas desigualdades internas.
O Brasil precisa urgentemente reencontrar o caminho da sensatez política e da responsabilidade social. O enfrentamento das desigualdades não pode ser pauta de governo, mas de Estado. Políticas de saúde, educação, saneamento, transporte e inclusão digital precisam ser ampliadas com continuidade, fiscalização e coragem – coragem para contrariar interesses dos poderosos que se alimentam da manutenção da pirâmide social tal como está. Nenhuma democracia se sustenta sobre abismos sociais. O avanço real e civilizatório de um país não se mede apenas pelo PIB, mas por como trata os seus mais vulneráveis. Diminuir a desigualdade é garantir mais segurança, mais estabilidade institucional e mais esperança. O desafio está posto. E a história não será generosa com os que ignorarem esse chamado, bem como não podemos dar de ombros assombrados com extremistas.
José Medrado possui múltiplas faculdades mediúnicas, é conferencista espírita, tendo visitado diversos países da Europa e das Américas, cumprindo agenda periódica para divulgação da Doutrina, trabalhos de pintura mediúnica e workshops, escreve para o BNEWS e o jornal A tarde.