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15h30

Democracia como verniz

Democracia não é só ter eleições, ou a tal mal conceituada liberdade de expressão. É muito mais. Li em um site de um grande jornal nacional, a manchete: “Lula com Putin para Dia da Vitória é mensagem ruim para a democracia, apontam analistas”. Honestamente, eu fiquei me perguntando o que de ruim sucederia à democracia brasileira com esta visita, em comemoração do 80º aniversário da derrocada nazista? Uma conspiração internacional, como se tenta fazer contra autoridades brasileiras, no exterior? Uma invasão? Um autogolpe, para não ter eleições em 2026? Fico perplexo como as questões de interesse de certos nichos, antes inconfessáveis, têm se tornadas públicas, explícitas e sem qualquer constrangimento. Os políticos, no geral, perderam o reboco da civilidade, e se tornaram uma espécie de jogadores do Mortal Kombat verbal. Vemos ameaças a governantes, colegas de parlamento, ridicularização de pessoas diversas...

A democracia moderna não pode, escreve o filósofo francês, Claude Lefort, ser articulada como uma invenção de interesse de um segmento, que ele chamou burguês, pois ela nasceu da luta de classes, dos movimentos sociais como temos na história da Revolução Francesa. No prefácio de A Invenção Democrática, Lefort faz lembrar que o lugar do poder é vazio, no sentido de não ter um permanente
(ditadura), que não poderia ser definitivamente ocupado por um homem ou um grupo particular, mas, depreendo do texto, a identidade de uma sociedade que demanda a busca do seu bem-estar coletivo. No Brasil, sinto assim, a democracia passou a ser um verniz de grupos poderosos para a manutenção de um status quo que se estrutura a partir de um ideal único e que se pretende homogeneizar: poder econômico. 

Surgiu no Brasil uma espécie de hipnose e o estado de apaixonamento como mecanismos através dos quais se busca desenvolver uma ligação com bases em narrativas (mentiras) que fomenta, diria Freud, o ideal de um eu alimentado pelo narcisismo dos grupos. A representação democrática do bem comum, transforma-se em segmentos de força, de poder, de bancadas para grupos específicos. A categoria  de “universal” não se visita para pensarmos a ordem social, surgem a segregação e a anomia das leis com vestes de arbitramentos democráticos enviesados. 

Vimos, faz pouco, a Academia Naval de Annapolis, em Maryland, Estados Unidos, retirar da sua biblioteca cerca de 400 livros, segundo Pete Hegseth, secretário de Defesa dos Estados Unidos, porque  promoviam o DEI (diversidade, igualdade e inclusão). Duas semanas depois, houve a mesma determinação para o Exército e Força Aérea. Os Estados Unidos são, foram, para muitos, referência de democracia. Matam-se as democracias por dentro. Atenção. 

 

José Medrado possui múltiplas faculdades mediúnicas, é conferencista espírita, tendo visitado diversos países da Europa e das Américas, cumprindo agenda periódica para divulgação da Doutrina, trabalhos de pintura mediúnica e workshops, escreve para o BNEWS e o jornal atarde.

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