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09h32

Colonialismo nas palavras

A recente declaração do presidente norte-americano Donald Trump, questionando decisões do Judiciário brasileiro, é mais do que uma grosseria diplomática: é uma tentativa simbólica de tutela, de interferência sobre
um país soberano. Não se trata apenas de um comentário inconveniente, mas de um gesto que revela o quanto setores do poder global ainda se julgam autorizados a interferir nos destinos de outras nações – especialmente quando estas começam a afirmar, com mais clareza, a própria autonomia, e se redirecionam para outras áreas da economia global, como o BRICS. A resposta do presidente da República, ao reafirmar a soberania nacional, foi correta e necessária. O Brasil não pode se calar diante de um mandatário estrangeiro que, em conluio ideológico com forças internas, busca deslegitimar nosso sistema de justiça e, por extensão, a própria democracia brasileira.

Desde Jean Bodin, a soberania é pensada como o poder último e indivisível dentro de um território. Mas não é apenas uma questão jurídica: é, sobretudo, uma afirmação política e simbólica de todo um povo. Kant já advertia que a paz entre os povos só seria possível com base no respeito mútuo à autodeterminação – sem intromissões veladas ou explícitas. Quando o presidente dos Estados Unidos vem a público tentar influenciar julgamentos em curso em outro país, sob aplauso alucinógeno de certos segmentos está se posicionando como se vivesse ainda sob a lógica colonial de séculos passados, em que potências opinavam e agiam sobre as colônias como senhores do mundo de um novo colonialismo.

Mais grave, ainda e entendo assim, é que a sua fala ecoa e alimenta uma rede de desinformação que procura desacreditar as instituições brasileiras. Alertava Montesquieu, sem a confiança e a independência dos poderes, não há liberdade. E quando se tenta importar para cá a retórica de guerra cultural, desmoralizando o Judiciário sempre que este contraria interesses autoritários, estamos diante de um ataque frontal ao Estado de Direito. É inadmissível que forças políticas nacionais se curvem ou aplaudam esse tipo de ingerência. É um gesto de servilismo. O Brasil é uma nação com instituições consolidadas, com uma Constituição que garante direitos e define deveres. Nenhum líder estrangeiro tem o direito de impor sua leitura sobre nossos processos judiciais, como se fôssemos uma república tutelada por Washington. 

A soberania não se proclama apenas nos livros; ela se pratica na defesa firme das instituições, na resistência à manipulação externa e na recusa ao complexo de vira-lata que ainda habita setores do nosso debate  público. O Judiciário brasileiro não precisa do aval de Trump – precisa de respeito, dando-se ele próprio. 

 

José Medrado possui múltiplas faculdades mediúnicas, é conferencista espírita, tendo visitado diversos países da Europa e das Américas, cumprindo agenda periódica para divulgação da Doutrina, trabalhos de pintura mediúnica e workshops, escreve para o BNEWS e o jornal atarde.

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