É impressionante como a onda de intolerância religiosa tem aumentado no Brasil, de uma forma geral. Na semana passada uma ialorixá fez manifestação diante de um salão de beleza no Shopping Salvador Norte, afirmando que foi vítima do crime por parte de uma funcionária. O caso está sob investigação policial. Esse fato vem na mesma esteira onde um padre, que atua na paróquia de Nova Andradina (MS), associou a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul à “bruxaria e satanismo”, durante uma missa. A fala foi feita durante a “Missa Solidária em Oração Pelo Rio Grande do Sul”, no último dia 8.
Durante a pregação, o pároco também afirmou que o estado gaúcho é o “mais ateu” do país. Em vídeo que viralizou nas redes sociais, ele aparece ao lado de uma bandeira do RS. E afirmou: “O Rio Grande do Sul há muito tempo abraçou a bruxaria e o satanismo. Há muito tempo, o meu povo tem se afastado de Deus...”.
Não se trata de uma crítica, como muitos querem associar, os estudiosos da legislação brasileira afirmam que não se
pode comparar crítica com intolerância, haja vista que todos temos o direito à crítica, e isso pode se dar também quando o assunto é religião e seus dogmas, desde que seja feita sem desrespeito ou ódio, pois é assegurado pelas liberdades de opinião e expressão. É preciso, no entanto, entender o contexto histórico e implementar os melhores esforços para o enfrentamento ao racismo, inclusive o religioso. As autoridades precisam ser mais eficazes na aplicação da legislação e jurisprudência, para que nesses casos fiquem o exemplo do apenamento, pois apenas dessa forma seguiremos avançando na luta contra qualquer manifestação
racista, não importando a forma com que é expressa, inclusive religiosa.
Atentados à laicidade do Estado não se conciliam com a construção de uma sociedade livre e justa, apontam todos os
estudiosos do tema. Não podemos tratar esse assunto como aparato de retórica, mas, sim, de compromisso cidadão, que
expressa o ideal de boa convivência entre os diferentes, na certeza de que só assim se pavimenta uma verdadeira civilidade, naquilo que deve ser compromisso de uma Nação.
O jurista José Rezende Jr. afirma que no Brasil a intolerância religiosa não produz guerras, nem matanças como em outros
países, mas, muitas vezes, o preconceito presente na nossa sociedade se manifesta pela humilhação imposta para com aquele que é “diferente”, outras vezes, o preconceito se manifesta pela violência. Quando alguém é humilhado, discriminado, agredido devido a sua cor ou a sua crença, ele tem seus direitos constitucionais, seus direitos humanos violados e isto impacta na cidadania, na construção de uma verdadeira democracia, que devemos sempre preservar
Líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio